segunda-feira, 28 de abril de 2008

Ouro Preto - Aleijadinho

Filho de um artista "de Lisboa", honraria máxima que se poder impôr a um filho no século XVIII, Antó(ô)nio Francisco Lisboa, cosidetto Aleijadinho, tinha lepra, o que fazia com que não tivesse uma série de outras coisas. Não obstante, é nada menos que o mestre e a expressão máxima de Vila Rica (nome original de Ouro Preto) e do barroco tardio do Brasil.

Toda a sua obra prepassa o sofrimento de uma vida dorida e ostracizada e, no entanto, cada olhar piedoso para o céu de cada um dos seus anjos carrega uma sensibilidade e uma beleza inimitáveis. O mais curioso é que, a partir do momento em que ficou completamente desfigurado, Aleijadinho foi proibido pelas ordens religiosas que frequentemente lhe concessionavam as obras de sair à rua durante o dia. Torna-se, portanto, ainda mais difícil acreditar que alguém que trabalhava apenas de noite pudesse deixar passar uma imagem tão luzidia da arte.

Das igrejas e museus que visitei, e visitei quase todas, tive a abençoada ideia de deixar a Igreja dos Pilares para o fim. À hora da missa, depois de recobrado o fôlego, de olhos posto num Emolado da execução do mestre enjeitado, não pude deixar de perceber como não é o Aleijadinho quem pede esmola ao ouro, mas precisamente o contrário.

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