sexta-feira, 25 de abril de 2008

Motoqueiros

Se a analogia entre as vias de comunicação de uma cidade e o sistema sanguíneo de um animal é revividíssima, não deixar de ser pertinente notar que São Paulo sofre de um proverbial caso de colesterol. Ainda assim, há uma figura na cidade que faz com que a vida de São Paulo pulse nessas veias entupidas: o motoqueiro.

Existem milhares de motoqueiros que transportam todo o tipo de bens de uma ponta à outra da metrópole megacefálica, desde pizzas a encomendas postais. E se já é difícil ser automobilista, ser motoqueiro é um circo da morte.

Com um sistema de entregas que recompensa a velocidade e a quantidade, os motoqueiros jogam malabares a cada segundo com o coração deles, o coração dos peões e o coração dos automobilistas. Como cardumes de peixes navegando juntos por entre as rochas e os tubarões, eles são especialistas em encontrar os buracos do colesterol e não é raro terem que os atravessar à força.

Quase sempre funciona. O pior é que numa cidade de milhões, o quase sempre deixa um espaço insuportável ao resto.
O resto são os acidentes, um por hora; e as vítimas, uma por dia. Uma conta que se fará a cada dia que começa em São Paulo.

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